24/10/2017

Depressão

Menina depressiva

A depressão é uma doença que vem atingindo um número exorbitante de pessoas. Para entender melhor sobre o assunto, convidamos a psicóloga Andrezza Santos, para uma entrevista muito esclarecedora e importante.

Ela é de Julho: O vazio existencial é uma depressão ou somente uma tristeza? Qual a diferença?
Andrezza Santos: O vazio existencial está presente na vida de todos, ele emerge diante de situações peculiares ou estressantes como perda de um ente querido ou luto. O sofrimento psíquico em decorrência desse vazio existencial pode acarretar num estado em que o sujeito sente-se incapaz de se autorregular, onde surge a depressão como forma de expressar esse vazio uma sensação de perda do sentido da vida. E desta forma o sujeito com depressão de fato são dominados completamente por pensamentos negativos que englobam sua autoimagem e todos os aspectos do presente e suas possibilidades para o futuro. São pensamentos de desesperanças ao ponto de ficarem paralisados. Para ela nada mais de bom será possível acontecer, pois acreditam ser incapazes de tomar decisões acertadas ou de ser relacionar com outras pessoas que possam ajudá-las. E por todos os ângulos da vida, o deprimido se sente uma pessoa desprezível e perdedora.
A solidão se torna mais evidente quando sente uma sensação de estar sozinho consigo mesmo diante do mundo. É importante salientar que esse vazio não é somente uma tristeza e sim uma depressão que deve ser cuidada, acolhida e abraçada. Tristeza é uma reação necessária diante de qualquer dimensão e natureza, não existem dores maiores ou menores, cada sujeito sabe a dor que sentem sua alma.
No entanto existe um tempo médio, algo em torno de dois meses para que a dor seja considerada normal e saudável. Se essa dor se estender por longo tempo e se mantém de maneira intensa e incapacitante, ela terá grandes chances de lentamente, transformar - se em um quadro de depressão clínica. Nesse caso os sintomas tendem a se intensificar e impossibilitar o sujeito de exercer suas atividades sociais, familiares e profissionais. Uma vez instalada a depressão as possibilidades de uma melhora espontânea sem tratamento médico e / ou psicoterápico, tornam - se bastante reduzidas.
A distinção entre a tristeza normal e a depressão de fato é a autoestima da pessoa e forma como ela enxerga o mundo.

Ela é de Julho: Quais são de fato os sintomas da depressão?
Andrezza Santos: O transtorno depressivo é uma doença absolutamente democrática, atingindo indivíduos de todas as idades, sexos e raças, credos, culturas e classes sociais. E quando falamos nela, não nos referimos a pessoas que estão passando por momentos transitórios de tristeza, mas sim aquelas cujos sintomas passam a interferir de maneira significativa em sua vida, com graves consequências.
Esses sintomas são um vazio existencial explicado na pergunta anterior, desesperança desânimo, tristeza acima do normal, pensamentos negativos, ideias mórbidas e ainda alterações no sono, no apetite e na libido. Todos esses são sintomas comuns de depressão, uma doença clinica que não afeta apenas a mente, mas também o corpo. É importante colocar que as características da depressão estão ligadas a mudança de humor com sintomas de sentimentos de tristeza, pesar, perda ou aumento de peso(ambos de modo significativos), pessimismo obsessivo relacionado a acontecimentos negativos pessoais ou a familiares, o que configura o estado de humor pessimista.
Atividades motoras mais lentas ou mais agitadas, perda de energia e muito cansaço. Estado emocional de apatia ou intensa, irritabilidade, dificuldade de atenção, concentração e memorização, perda da autoestima e sentimentos de culpa sem motivos aparentes. Redução ou perda do desejo sexual e pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

Ela é de Julho: Depressão tem cura, como posso cuidar?
Andrezza Santos: Durante muitos ano houve uma verdadeira guerra entre profissionais de saúde mental quanto a melhor e mais eficaz forma de abordar o tratamento de depressão. Por um lado os psiquiatras defendem as soluções medicamentosas e nelas apostam todas suas fichas. De outro lado psicólogo tendiam a rejeitar os antidepressivos e outras medicações sobre um argumento de que eles podem mascarar as verdadeiras causas da depressão. Porém, essa divisão quanto a forma de tratar a depressão causou muito sofrimento aos pacientes e muito preconceito relacionado a doença depressiva. Tais visões fragmentadas, infelizmente ainda ecoam em nossos dias.
Por conta dessas divergências, alimentadas em parte por ignorância e vaidade pessoal muitas pessoas se recusam a buscar ajuda médica ou utilizar medicamentos adequados, por julgarem que serão fracos covardes ou defeituosos em seu equilíbrio cerebral. Mas hoje, graças ao bom senso e os resultados de diversos estudos e pesquisas, prevalece a certeza de que o trabalho em conjunto de psicólogos terapeutas e psiquiatras beneficia a recuperação e a prevenção de novos episódios depressivos.
Esta união foi um grande avanço na história do tratamento da depressão. Essa nova forma de encarar a depressão nos desperta para a importância de cuidarmos de todas as nossas dimensões como: corpo e espirito, encarar a dimensão e condição humana com equilíbrio, coragem e humildade, além de ajudar na recuperação dos processos depressivos.
Ser saudável e minimamente equilibrado é uma tarefa árdua, que exige de cada um de nós bem mais do que um mero tratamento. A saúde requer uma postura transcendente diante da depressão das provações e das frustrações inevitáveis da vida. Devemos diante disso ser verdadeiros “pais amorosos” de nós mesmos, e desta forma aprendermos a cuidar do nosso ser por inteiro. Usar de suas estratégias para uma vida saudável, sabemos o quanto é difícil, mas manter uma alimentação adequada, praticar atividades físicas com regularidade e cuidar dos aspectos emocionais e espirituais durante toda nossa existência. Tudo isso tem o poder de reduzir nossos níveis de estresse e de fortalecer nossa resistência física, psíquica e espiritual. Importante lembrar que adotar todo esse estilo de vida não curará por si só a depressão. Seu tratamento exige a participação de profissionais de saúde especializados. Quando o retorno de sua energia e o renascimento do seu “eu” mais essencial do seu ser, poderá assegurar a manutenção do seu bem-estar existencial.

Ela é de Julho: O que leva uma pessoa a ter depressão?
Andrezza Santos: A doença depressiva apresenta uma forte marcação genética, e isso é bem fácil de ser aferido com o paciente que sofre de tais transtornos. Sempre tem algum familiar com sintomas similares.
O que se herda não é a doença em si, e sim a vulnerabilidade para que ela se desenvolva. A tendência á depressão é transmitida por meio de genes de nossos parentes próximos e até mesmo distantes. A vulnerabilidade herdada não torna o desenvolvimento dos transtornos depressivo uma certeza. Existem casos, em que os fatores psicológicos e / ou ambientais assumem papel preponderante no desencadear e no desenvolvimento dessas doenças.
Fatores externos ou ambientais na depressão é uma tarefa bem difícil, pois o perfil psicológico de uma pessoa determina em grande parte, a forma como ela reagirá ao seu meio sociocultural, e também ás situações geradoras de estresse agudo e crônico, com as quais depararão ao longo da vida.
Pessoas tímidas, tranquilas, ansiosas, extrovertidas, reflexivas ou mesmo superficiais podem desenvolver essa patologia clínica, desde que sejam expostas as circunstâncias propicias ao desencadeamento dos sintomas depressivos.
Desta forma, podemos afirmar que a personalidade resulta de uma interação complexa e individualizada entre herança genética e os fatores socioculturais a que uma pessoa é submetida. Pessoas que se cobram demais apresentam dificuldades de relaxar e / ou de solicitar ajuda a outras pessoas. Pessoas pessimistas, com tendências a se preocupar em excesso, e com elevados níveis de autocríticas. Pessoas que necessitam ter controle sobre tudo e todos ou que dependem excessivamente de satisfazer as expectativas alheias. Pessoas com um ou mais desses aspectos em sua personalidade costumam ser pouco flexível e muito estressada. Por isso tendem a reagir mal perante as adversidades e frustrações inerentes ao ato de viver e a falta de um sentido maior na vida.

Ela é de Julho: Qual o tratamento adequado para depressão?
Andrezza Santos: No aspecto individual, temos que reunir todas as nossas forças para buscar novos desafios e felicidade. Precisa cuidar com dedicação da saúde física, para que o corpo possa abrigar com aconchego toda engrenagem psíquica. O tratamento é a forma eficaz e crescente por meio de exercícios diários de emoções, pensamentos positivos, ações ou comportamentos que tenham como base o amor por si, por todos e por tudo.
A capacidade humana de suportar, aprender e transcender aos sofrimentos é bem maior do que podemos imaginar. Por às vezes acreditar não conseguir sair de um quadro depressivo, deixa de desenvolver habilidades de resistir às adversidades, mais ainda de transformar dores e dificuldades em aprendizados que possam conduzir a uma forma de ver e viver a vida mais leve criativa e empática. Para que haja um tratamento adequado é necessário um plano terapêutico para cada paciente. Para isso o paciente deprimido precisa se sentir acolhido e a vontade para discorrer da forma que lhe for possível, sobre toda a sua bagagem de dor e sofrimento.
Numa conversa inicial em terapia é fundamental um bom vinculo entre paciente e médico pois, somente assim, o tratamento proposto será seguido de maneira adequada e os resultados poderão ser mais eficazes. O básico do tratamento dos transtornos depressivos é a psicoterapia e outras terapias biomédicas.

Ela é de Julho: Como ajudar uma pessoa que se encontra depressiva?
Andrezza Santos: Existem vários tipos de psicoterapias que funcionam de maneira pela qual, percebemos e raciocinamos o nosso universo interior e o mundo ao nosso redor. Dessa forma, visa a melhorar a autoestima, bem como a visão de mundo em que a pessoa vive.
O acolhimento e a escuta do psicólogo sobre o angustia e frustração do paciente o ajuda a se encontrar e identificar seus pensamentos negativos, bem como verificar sua legitimidade e seu verdadeiro eu. A partir dessa situação, o terapeuta ensina o paciente a questionar seus pensamentos, interrompendo o ciclo automático de negatividade que retroalimenta a depressão.
Afinal, o objetivo não é terapeuta ou médico terem razão, e sim o paciente superar sua depressão e se tornar apto para manejá-la e evita-la no seu dia a dia e assim ser mais feliz com seu modo de ser no mundo.
O objetivo do psicólogo não é resolver os problemas para o paciente e sim ajuda-lo a lidar com seus problemas e com os que virão. Trabalhar a autoestima. Trabalhar com os recursos que o paciente dispõe dentro dele. Se a cada momento ele puder perceber-se a si próprio e suas ações, podem ver quais são e como provoca as dificuldades e pode ajudar a si próprio a resolvê-las, no aqui-agora.

REFLEXÃO: A falta de objetivos é o grande problema da insatisfação. E a primeira condição para encontrar-se é saber aonde se quer chegar. Planos e objetivos são saudáveis.
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