06/09/2018

Não deixe para amanhã

Ampulheta

Metrô lotado como sempre, mesmo horário, pessoas parecendo que estão em uma "lata de sardinha", apertadas. Não se olham, mas se esbarram.

Quantas histórias cada uma carrega, quantos motivos para estarem lá, no mesmo lugar, no mesmo horário, diferentes... mas, persistentes.

Parado em uma estação, o vagão trocou uma parte se seus passageiros. Mesmo ritmo, consegui um acento, mas logo dei espaço para uma senhora se sentar, me olhou com um olhar de agradecimento e tomou seu lugar.

Olhei para cima, mais quatro estações para chegar ao meu destino, paciência. Quando retomo meu olhar para baixo a senhora está reparando na minha roupa, "será que estou bem vestida?" Tento não me importar com tal pensamento e continuo me segurando para não desequilibrar. Logo a mulher de cabelos grisalhos, com aparência um pouco cansada, porém muito sorridente, se dirigiu a mim dizendo:

 - Moça, você se parece muito com minha filha.

Ao ouvir tal comentário, só desejei que a filha dela fosse uma mulher muito bonita. Dei um sorriso, sem saber o que responder, mas não precisei falar nada, ela continuou logo em seguida:

- Ela é igual a você, simpática também, tenho saudades dela, há um ano que não a vejo, está morando longe e quase não vem para São Paulo, o serviço não deixa. Eu tento ir visita-la, mas são tempos difíceis e o dinheiro está curto. Se eu pudesse, somente para passar mais tempo com ela, iria sempre.

- Você vê seus pais todos os dias?

Curiosa como sou, logo quis continuar a conversa, ainda faltavam mais 2 estações. - Eu moro com eles, sim.

Ao pronunciar aquelas palavras, me lembrei de como estavam sendo meus dias, sem tempo. Acordava as 5:00', tomava banho e me arrumava, raras eram as vezes que conseguia parar para o café. Não dava tempo de me despedir, chegava em casa cansada, estressada e mal falava com meus pais, sem tempo. Pensei naquela mulher que não via a filha há um ano e pensei na filha sem ver a mãe, senti um aperto no coração. Faltava uma estação, fui me despedir da senhora, e ela me passou um recado:

 - Valorize seu tempo com quem você ama.

A porta se abriu e eu continuei minha rotina, pessoas com passos acelerados, ritmos rápidos, movimentos quase que robóticos e os pés já sabendo onde deveriam pisar. Minha rotina não mudou, mas algo em mim mudou aquele dia e só precisou de poucas palavras e três estações.

Já deixei passar oportunidades esperando o tempo certo. Já deixei de dar um beijo por medo de não ser a hora, já deixei de dizer o que sentia por medo de não estar preparada. Já deixei de passar uma hora a mais com quem amava, por ter um compromisso com o meu trabalho. Hoje entendo o peso que isso trouxe para minha consciência e para meus dias.

Os "e se" tomaram as proporções indesejadas, são piores do que os arrependimentos por ter feito algo. "Aaaa se eu pudesse voltar no tempo, teria feito isso...", pois bem, agora não dá mais, não existe mais uma chance, as situações mudam, as pessoas mudam, nada é como a um segundo atrás e quando você se dá conta, já virou história, já virou passado e o que você fez para mudar? Que decisão hoje você tomou que mudou o rumo da sua vida? Qual ação que fez para buscar aquele velho sonho? Qual pequeno problema que você deixou de resolver que tomou uma proporção muito maior do que deveria ter tomado?

Tempo. Precioso tempo, se existe algo que realmente não podemos desperdiçar é ele!

Não adianta, existem momentos que não podem ser adiados, conversas que não podem ser deixadas para a amanhã, pessoas que não podemos deixar para ajudar outro dia, tudo conta, tudo soma, tudo!

Já parou para pensar que a cada decisão não tomada é um caminho que você deixa de seguir, pessoas que deixamos de conhecer, experiências que deixamos de ter? Talvez, sua maior oportunidade esteja em um desses caminhos, a sua história depende somente de você.

Então, o que está esperando?

Em qual "estação" sua vida vai começar?
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